Projeto e Execução

O desejo de uma nova capital

A primeira atitude que vislumbrou possibilidade de interiorização da capital partiu dos inconfidentes mineiros, que pretendiam fazer de São João del Rei a capital do país livre. Dessa forma, como os inconfidentes foram derrotados, a ideia de interiorização da capital brasileira hibernou, e acordou já no século 19 com José Bonifácio de Andrada e Silva. Neste mesmo século um projeto foi apresentado ao Senado, e a primeira aventura, em lombo de burro e na botina, aconteceu para indicar regiões propícias à colonização europeia no Brasil.

Já na República, Marechal Deodoro da Fonseca fez do Rio de Janeiro capital provisória da República e os constituintes de 1890/91 deram mais um passo para o surgimento de Brasília. Durante 100 dias de trabalhos determinaram uma área de 14.400 quilômetros quadrados, sob a forma de quadrilátero destinado à nova capital brasileira. Só se voltou a falar em mudança da capital do País em 1922, por ocasião do primeiro centenário da independência do Brasil. Aconteceu no dia 7 de setembro daquele mesmo ano, o lançamento da pedra fundamental exatamente onde hoje fica a cidade de Planaltina.

Lançada a pedra fundamental da construção da nova capital, o Brasil dos presidentes Epitácio Pessoa, Arthur Bernardes, Washington Luís e Getúlio Vargas, viveu entre dificuldades econômicas; políticas, revoluções e ditadura. Após este período, a ideia voltou revigorada, aprovada na Constituição de 1946, que determinava que a nova capital fosse instalada no Planalto Central. Comissões de estudos foram formadas e o nome Brasília foi consagrado; em 1953 o presidente Vargas contrata uma empresa norte americana para fazer o levantamento aéreo da região escolhida no Planalto Central, dando o início ao processo que viria a se consolidar com JK.

A consolidação de um sonho

Candidato a presidência pela coligação PSD-PTB, Juscelino Kubitschek de Oliveira em seu primeiro comício no interior de Goiás afirmou que construiria a nova capital. Com o slogan de "50 anos de progresso em 5 anos de governo" a modernização do país era o eixo do discurso do candidato e a nova capital se encaixava-se perfeitamente nessa fala. Depois de eleito, JK assinou a Mensagem de Anápolis, lançando as bases para a criação da NOVACAP (Cia Urbanizadora da Nova Capital) que iniciou os trabalhos a 3 de novembro de 1956.

No dia 21 de abril de 1960, a grande obra de JK é definida, e a transferência da capital do Rio de Janeiro para Brasília possibilita a transformação da região centro oeste, praticamente despovoada, numa área desenvolvida. Finalmente, no último ano do mandato do presidente Juscelino Kubitschek, que durante toda a campanha presidencial defendeu a criação da nova cidade, que passou a ser vista como símbolo da modernidade e principalmente de um novo Brasil, houve a inauguração de Brasília. Partindo desse pressuposto, a modernidade não estava apenas nos traços de Oscar Niemeyer e Lúcio Costa na estética da cidade, todavia, principalmente na ideia de desenvolvimento que a nova cidade representava.

No pensamento social brasileiro a modernidade e industrialização eram recorrentes para legitimar o país como nação independente e desenvolvida. Logo, para transformar o Brasil em uma nação moderna era preciso demarcar o fim e o início de uma nova era, outrossim, a construção de Brasília representaria isso. Em inúmeras oportunidades e para os mais diversos públicos, Brasília sempre foi apresentada como algo maior que uma cidade, haja vista que, tratava-se da materialização de um sonho destinado a redimensionar o futuro da nação, a unificar o país e a trazer à realidade as vastas potencialidades sempre alardeadas.

Fontes de Pesquisa