Arquitetura

A arquitetura do século XIX caminhou decididamente para a máxima desornamentação e, com isso, à ruptura com um passado acadêmico. Esse caminho foi lento, porém no século XX já possuía fortes princípios estabelecidos. Os mais jovens arquitetos rejeitam a decoração e começam a repensar tarefas na ótica de sua finalidade prática, deixando de lado a preocupação com estilo ou ornamento.

Arquitetura Moderna do Brasil

Como ocorreu em outras manifestações artísticas, houve uma defasagem entre as correntes modernistas da arquitetura europeia e a brasileira, que surgiram na década de 40, quando o velho mundo, às voltas com a II Guerra Mundial, já havia assimilado as principais correntes criadas na modernidade da arquitetura.

A Semana de Arte Moderna de 1922 pouca influência teve sobre a arquitetura de São Paulo. Os arquitetos que dela participaram não faziam ideia do que acontecia de moderno pelo mundo, em matéria de racionalismo estrutural.

Em outubro de 1925, no Correio da Manhã do Rio de Janeiro, o arquiteto russo radicado em São Paulo, Gregori Warchavchik, escreve seu célebre artigo Acerca da Arquitetura Moderna demonstrando conhecer bem os postulados de Le Corbusier que visitou o Brasil em 1936, dando um novo impulso à arquitetura moderna brasileira. Influenciou jovens profissionais, como o urbanista Lúcio Costa.

Apesar disso, vale lembrar que todo novo pensamento sobre arquitetura foi assumido com muita lentidão no Brasil.
Construção de Brasília Brasília nasceu da determinação e engenho de três pessoas: o Presidente da República JK, o urbanista Lúcio Costa e o arquiteto Oscar Niemeyer. A equipe da Construtora de Israel Pinheiro até o último candango foram bastante importantes no papel executivo. O plano da cidade é obra pessoal de Lúcio Costa e os projetos de todos os edifícios é de autoria de Oscar Niemeyer. Este projetou o Palácio dos Arcos, sede do Ministério das Relações Exteriores, a Catedral de Brasília,o Teatro Nacional, o Palácio da Alvorada, residência do Presidente da República e os edifícios que formam o conjunto da Praça dos Três Poderes: o Palácio do Planalto, o Palácio da Justiça e o Congresso Nacional. O abuso da utilização dos vidros nas laterais dos prédios faz parte do ideal da arquitetura moderna, que é a junção do espaço interno com o externo.

Alguns dos mais importantes artistas brasileiros foram chamados a participar dos trabalhos de ornamentação de Brasília. São eles: Roberto Burle Marx, o paisagista, Cândido Portinari, o pintor de painéis, Bruno Giorgi, o escultor autor de Meteoro e Alfredo Ceschiatti, o escultor, autor da Estátua da Justiça.

O Plano Piloto de Lúcio Costa consiste em um desenho em forma de cruz, com os braços curvos, como as asas abertas de um pássaro. No eixo vertical, o espaço é reservado para os edifícios do governo e estabelecimentos como hotéis, bancos, teatros, indústrias. No eixo horizontal ou braços curvos localiza-se as superquadras, grandes quarteirões residenciais, onde situam-se prédios de apartamentos, escolas, igrejas entre outras coisas que os moradores de um bairro precisam ter.

Ao norte desse eixo, há a praça prevista por Costa, que Oscar Niemeyer criou o complexo arquitetônico que se tornaria um dos símbolos de Brasília: o Congresso Nacional. Dois prédios altos, de linhas retas e duas construções em forma de concha compõem o conjunto, concluído em 1960.

Dois Grandes Arquitetos Brasileiros

No Brasil do século XVII surgiram grandes construções, porém a maioria das obras era de portugueses. Entre os primeiros e mais importantes arquitetos brasileiros, destaca-se um mineiro que se dedicou também à escultura. Trata-se de Antonio Francisco Lisboa (1730/1738-1814), mais conhecido como Aleijadinho, por causa de uma doença que o atingiu por volta dos 50 anos. Filho de um arquiteto português e de uma escrava, Antonio F. Lisboa nasceu e viveu em Vila Rica, atual Ouro Preto, cidade que por sua arquitetura barroca inconfundível, em 1980, foi proclamada Patrimônio Histórico da Humanidade.

Depois de Aleijadinho, o Brasil passou mais de um século copiando estilos estrangeiros (principalmente o estilo Neoclássico) e até importando a estética de edifícios europeus inteiros. Alguns profissionais conheciam e apreciavam as obras inovadoras de Frank Lloyd Wright e de Le Corbusier e queriam modernizar a arquitetura nacional, mas não tinham tamanho prestígio para tanto.

Com a construção da Sede do Ministério da Educação e Saúde, em 1937, para a qual o arquiteto e urbanista Lúcio da Costa foi contratado pelo ministro da educação Gustavo Capanema (1901-1985), conseguiu-se o rompimento do marasmo que se encontrava a arquitetura brasileira. Lúcio Costa formou uma equipe histórica com vários outros arquitetos, inclusive Oscar Niemeyer.

O mestre suíço Le Corbusier chegou ao Rio de Janeiro em 1936, na qualidade de consultor, a convite de Lúcio Costa e Gustavo Capanema, e propôs algumas alterações na planta da nova sede, pronunciou uma série de palestras bastante influentes, deixando o país no ano seguinte, bem como uma nova corrente de pensamento arquitetônico, sob a nova proposta de sua teoria funcionalista.

O arquiteto Oscar Niemeyer Soares Filho é carioca, nascido em 1907 e formado pela Escola Nacional de Belas Artes, em 1934. Sua carreira-solo consolidou-se, projetando-o no cenário internacional, sob o patrocínio de Juscelino Kubitschek (1902-1976), que o contratou oficialmente em duas ocasiões. Na primeira, durante seu mandato como Prefeito de Belo Horizonte, para projetar o conjunto arquitetônico da Pampulha, que se destacou pelas formas curvas. Niemeyer trabalhou com o concreto armado, explorando-o no máximo de suas possibilidades, abusando de arcos e abóbadas, desprezando os ângulos retos, saindo dos padrões racionalistas e adentrando com o ferro e o cimento em superfícies sinuosas. É a primeira igreja brasileira que não apresenta uma planta simétrica tradicional como: naves, abóbodas e capelas.
Na segunda ocasião, em 1956, como Presidente da República, JK o chamou para construir Brasília, a nova capital, que outrora as autoridades coloniais pensavam em transferir para o interior.

No Brasil, idealizou, entre muitos outros, o Sambódromo (1983-1984) do Rio de Janeiro, o Memorial da América Latina e o Parlamento Latino Americano (1989-1992) em São Paulo, e o Museu Oscar Niemeyer (2002) em Curitiba.

Histórico da Arquitetura Moderna

No final do século XVIII e início do século XIX a Revolução Industrial começou a destruir as tradições do sólido artesanato, pois o trabalho manual cedeu lugar à produção mecânica, à oficina e à fábrica. Os resultados mais imediatos dessa mudança são claramente vistos na arquitetura, pois a quantidade de construções no século XIX foi maior do que em todos os períodos anteriores. Foi a época do vasto crescimento das cidades na Inglaterra e América, que converteu extensos campos em "áreas construídas". No entanto, apesar da ilimitada atividade de construção, estas não possuíam um estilo natural, próprio. Assim, repensando a forma como uma consequência da função, surge a tendência ao que se chamou de "funcionalismo". A ideia era que a arquitetura tinha que se limitar a cumprir uma função, sem pensar em nenhum outro propósito estético, assim, criam-se os vocábulos funcional e funcionalista, racional e racionalista.

A escola de arquitetura Bauhaus fundada em 1919 pelo alemão Walter Gropius (1883-1969), em Weimar e traslada para Dessau em 1925, se incumbiu de promover as bases desse racionalismo ou funcionalismo. O ideal da Bauhaus era desvincular a arte de toda ideologia e mitificacão, vinculando-a à técnica e à indústria, nas leis econômicas da produção. A teoria defendida pela escola era de que, se algo é projetado para corresponder à sua finalidade e função, pode-se deixar que a beleza cuide de si própria. Essa ideia livra a arquitetura de muitos enfeites desnecessários com que a Arte do século XIX satura as cidades e interiores das casas. O funcionalismo seria então o despojamento e a simplificação das formas, que nasce graças ao uso de modernos materiais de construção, utilizados pelos pioneiros. Integra-se na Bauhaus, também, embora por caminhos próprios, outro grande arquiteto: o suíço Charles Edouard Jean Neret (1887-1965), conhecido com o nome profissional de Le Corbusier. Este alcunhou um novo vocábulo à arquitetura: o "maquinismo, que veio a se somar aos de racionalismofuncionalismo. Le Corbusier pensava que a casa deveria ser bonita e confortável, mas também lógica, funcional e eficiente (uma máquina de morar, perfeitamente apta para atender às necessidades dos ocupantes.

Mais tarde, quem realmente superaria o racionalismo, o funcionalismo e o maquinismo, seria um arquiteto norteamericano: Frank Lloyd Wright (1867-1959), formado em um meio diferente do racionalismo e da Bauhaus, provinha da escola americana de Louis Sullivan. Wright não rejeitava o racionalismo, o funcionalismo ou o maquinismo que imitavam as produções da técnica industrial (automóveis, navios, aviões, entre outros), mas sentia-se profundamente ligado à natureza e ao valor fundamental da terra. Para ele, a arquitetura tinha que nascer organicamente, como nasce uma árvore. Dessa forma, projetava suas construções de modo que se integrasse harmoniosamente com a paisagem em que se inseriam, com o interior contínuo recebendo o máximo possível de luz natural. Assim, em suas obras aparecem a madeira, a argila e a pedra em formas rudes, algo que feria a sensibilidade dos maquinistas. Criou-se, dessa maneira, a "arquitetura orgânica", logo, estava instaurada a rivalidade entre essas duas correntes: escola racionalista versus escola organicista.

A escola Bauhaus foi fechada e abolida pelos nazistas em 1933, obrigando a emigrar quase todos os mestres, apontados como semitas. Muitos o fizeram para os Estados Unidos, mantendo a rivalidade entre as correntes.

Fontes de Pesquisa